Para a ABIHPEC, a crise econômica na Argentina é o principal desafio para as exportações do Setor de HPPC
A Balança Comercial do setor de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (HPPC) apresentou um desempenho positivo no primeiro semestre de 2024, mesmo com impactos da agenda geopolítica regional que puxaram leve queda nas exportações em comparação ao mesmo período do ano passado.
De acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC), as exportações do setor atingiram US$ 431.6 milhões, com pequena queda de 3,1% em relação ao mesmo período de 2023, quando foram registrados US$ 445.3 milhões. Já as importações somaram US$ 423.7 milhões, representando alta suave de 0,9% em comparação aos US$ 419.8 milhões do primeiro semestre do ano anterior. Mesmo diante de tais oscilações, o saldo da balança comercial do setor de HPPC no período foi superavitário em US$ 7.9 milhões e ainda, representaram uma queda acentuada de 69,0% em comparação ao superávit de US$ 25.5 milhões obtido entre janeiro e junho de 2023.
A corrente de comércio internacional do Setor no primeiro semestre de 2024 alcançou US$ 855.3 milhões, uma redução de 1,1% em relação ao valor registrado no mesmo período de 2023, que foi de US$ 865.1 milhões.
Um dos principais desafios enfrentados pelo setor de HPPC no primeiro semestre de 2024 foi a queda nas exportações para a Argentina, um tradicional parceiro comercial. As exportações para o mercado argentino caíram 30,2%, reflexo da crise econômica interna do país e da diminuição da demanda interna do país por diversos produtos, incluindo bens de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos. Esta redução é um reflexo de uma queda mais ampla das exportações brasileiras para a Argentina, que diminuíram 37,6% no mesmo período.
"A falta de demanda interna na Argentina tem sido um obstáculo para o setor, e a recuperação econômica do país é fundamental para a retomada das exportações brasileiras de HPPC para este mercado", ressalta João Carlos Basilio, presidente-executivo da ABIHPEC.
Com a diminuição das exportações para a Argentina, o México emergiu como o principal mercado de exportação para o setor de HPPC no primeiro semestre de 2024, um movimento muito pontual e diretamente relacionado à crise Argentina. No entanto, ainda há desafios a serem superados. João Carlos Basilio destacou a necessidade da retomada de negociações comerciais com o México.
"É essencial que o Brasil retome as negociações do Acordo ACE Nº 53, iniciadas há mais de 15 anos, o que possibilitará maior competitividade às nossas exportações para esse país. O México é um dos principais mercados de exportação do setor de HPPC na América Latina e o único que ainda não possui um acordo tarifário mais amplo", afirma o executivo.
As principais categorias de produtos exportados no primeiro semestre de 2024 foram Produtos para Cabelos (US$ 106.5 milhões), Sabonetes (US$ 75.2 milhões) e Produtos de Higiene Oral (US$ 50.4 milhões).
Em junho também foi registrado superávit na balança comercial. O valor alcançou a marca de US$ 11.5 milhões, um aumento expressivo em relação ao superávit de US$ 0.4 milhão observado em junho de 2023. Apesar disso, houve queda nas exportações e importações. As exportações do setor alcançaram US$ 69.3 milhões no mês, uma redução de 9,4% em relação ao mesmo período do ano anterior. As importações, por sua vez, totalizaram US$ 57.8 milhões, apresentando uma queda de 24,1% em comparação a junho de 2023.
A corrente de comércio internacional do setor de HPPC em junho de 2024 atingiu US$ 127.1 milhões, uma redução de 16,7% em comparação aos US$ 152.6 milhões registrados no mesmo mês do ano anterior.
As principais categorias de produtos exportados em junho de 2024 foram Produtos para Cabelos (US$ 17.9 milhões), Sabonetes (US$ 14.2 milhões) e Cremes para Pele, Protetores e Bronzeadores (US$ 7.3 milhões).
De acordo com a ABIHPEC, um fator que contribuiu para a redução das importações em junho foi o movimento de operação padrão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), responsável pela anuência das importações de produtos do setor. A entidade esclarece que com o aumento dos prazos para a liberação das licenças de importação para mais de 20 dias, a balança comercial pode apresentar distorções nos dados, caso os processos pendentes sejam liberados amplamente no próximo mês.
Para João Carlos Basilio, apesar das 'adversidades' enfrentadas, especialmente no acesso aos mercados América Latina, o setor de HPPC tem demonstrado enorme capacidade de adaptação e grande competitividade, mantendo um saldo positivo na balança comercial setorial e buscando novas oportunidades para crescimento no mercado internacional.